Por Tribuna do Sertão
Tão logo a população palmeirense estiver vacinada (mais de 90%) e a pandemia do coronavírus e a COVID-19, sob controle, está previsto e programado a inauguração do Centro de Cultura.
O local contém um grande acervo de arte, cultura, literatura, música e história da terra e gente de Palmeira dos Índios, construída com recursos próprios pelo jornalista, escritor e promotor de justiça Ivan Barros.
– Esta obra tem conotação política?
Perguntamos a Ivan Barros, e ele respondeu:
– Absolutamente não.
O Centro de Cultura é uma instituição de utilidade pública, sem fins lucrativos, apolítica, apartidária e seu estatuto zela que o objetivo maior é preservar, expandir, divulgar a arte, a cultura e os costumes sociais da terra e gente de Palmeira dos Índios.
Comecei a fazer política desde os tempos de Arnon de Melo, Teotônio Vilela, o Menestrel, Divaldo Suruagy, Geraldo Sampaio e Guilherme Palmeira. Eles se foram e ficaram no passado, e eu também.
Fui candidato a vereador mais votado de Palmeira dos Índios, e candidato a Deputado Estadual mais votado da região, alcançando a primeira suplência porque me faltaram 23 votos.
Depois aconteceu uma oportunidade e fui convocado para assumir o mandato de deputado por mais de dois anos e renunciei o mandato, por ter sido aprovado em concurso público, em primeiro lugar para o Ministério Público.
Aposentei-me como procurador de justiça no Ministério Público. Hoje, me dedico à cultura, a literatura e ao jornalismo. E como membro decano da Academia Alagoana de Letras, tenho 32 livros publicados.
“O sonho, não faz o homem”, diz Ivan Barros.
“O que faz o homem é a sua obra”. E explica: “O Centro de Cultura é a casa dos meus sonhos. Construí-a, com recursos próprios, investindo mais de 350 mil reais, numa prova de amor a Palmeira, no poente de minha vida”.
Posso assegurar, sem falsa modéstia, que inspirado na Casa do Penedo e outros Centros do Estado, supera em acervo e estrutura alguns deles.
Nele – detalha Ivan – Tem uma exposição de esculturas de personagens famosos da região, índios, cangaceiros, beatos (Padre Cícero e Frei Damião), documentos, cartas de alforria, esculturas como a do escravo Simão Dias que construiu a Igreja Nossa Senhora do Rosário.
Nas salas Luiz Torres e Geraldo Sampaio, fotos antigas da cidade, exposição de todos os jornais que foram publicados em Palmeira dos Índios, desde o “interesse público”, feito de cortiças, de cajazeiras, a coleção de “O Índio” jornal editado em 1920, onde Graciliano Ramos escreveu até à Tribuna do Sertão que completou 25 anos de circulação.
Exposição em fotos de todos os prefeitos que governaram o município, dos bispos da diocese. Com destaque, a escritura de demarcação da Vila de Palmeira dos Índios, (1.200 habitantes) em 1822, a ata de inauguração da estação ferroviária com assinaturas de Graciliano Ramos, Manoel Sampaio Luz, Manoel Passos Lima, Lauro de Almeida Lima Correia Paes, Álvaro Paes, Costa Rego, Francisco Cavalcante, Otávio Cavalcante, Fredovino Maia e Oscar Novaes.
“Lá tenho fotos de Graciliano Ramos e Carlos Prestes, Pontes de Miranda, Juscelino Kubitschek (que conheci e tornei-me seu amigo quando trabalhava na Revista Manchete nos anos 70), Arnaldo Niskier, Haroldo Valadão, Humberto Martins, Divaldo Suruagy, Guilherme Palmeira, Mario Lago, Paulo Gracindo, personagens que fizeram parte de minha trajetória.
Acrescenta ainda Ivan Barros: Um auditório com 80 cadeiras, climatizado, som, piano, projetor de filmes e 20 quadros de artes, de autoria de pintores alagoanos.
O auditório Jofre Soares é destinado a conferências, shows de artistas regionais e reuniões.
Existe também uma biblioteca, só de escritores alagoanos, para leitura, consultas e pesquisas.
Enfatiza Ivan Barros:
“Aos 77 anos aprendi que ninguém quer saber o que fomos. E que na vida não vale o que temos, nem importa o que fomos, ninguém quer saber que cargos ocupávamos. No mundo, na vida não vale o que temos. Vale o que realizamos com aquilo que possuímos e acima de tudo importa o que fazemos por nós e os outros”.
Já recebi críticas e elogios com incentivos de amigos para que eu venha ser, e que tenho consciência do que ainda não sou. Ora, o que conta é a luz que cada um já tenha conseguido e fazer brilhar em si mesmo. É a melhor maneira de brilhar em si mesmo.
Padre Vieira dizia que “O bem que praticamos em qualquer lugar é sempre seu advogado em toda parte”.
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