Juiz impõe censura à reportagem da Folha de Alagoas que cita empresário alagoano

A Folha de Alagoas trouxe à tona mais um caso de censura à imprensa que se tornou moda em todo o país. Mais uma vez, reescrevo o assunto como forma de mostrar que – como jornalista – estou sempre em defesa da imprensa, do jornalismo e da liberdade de expressão.

Isso é importante repetir em todos os textos publicados: Jornalismo é independência e não subserviência política ou servilismo aos políticos. “Jornalismo é publicar aquilo que alguém não quer que se publique. Todo o resto é publicidade“.

Desta vez, o juiz Henrique Gomes de Barros Teixeira, do Poder Judiciário de Alagoas, decidiu, durante plantão judicial no último final de semana, pela retirada de uma publicação no Instagram que reproduziu o conteúdo jornalístico do  Instituto Conhecimento Liberta (ICL) Notícias, apontando a ligação de um empresário alagoano (cujo nome não pode ser publicado) com o Caso Braskem.

A jornalista Heloísa Villela, do ICL, mostrou o rastro de destruição deixado pelo tremor de terra provocado pela Braskem em Maceió. No primeiro episódio, Vilela citou o envolvimento de pessoas ligadas a políticos alagoanos. 

Leia + AQui: De modo minucioso, reportagens do ICL mostram realidade do Caso Braskem em Maceió

Já na decisão, o magistrado determinou a retirada dos conteúdos jornalísticos e a exclusão imediata de todas as publicações que citam o empresário, bem como, a proibição da realização de novas matérias, especialmente nas contas do Instagram, até posterior pronunciamento do juízo da causa.

Apoio e Defesa

O advogado da Folha de Alagoas, Marcondes Costa, disse que confia no Poder Judiciário, mas lamenta a decisão concedida durante um plantão, em juízo de cognição sumária. “É uma decisão que a gente vê com muita surpresa, não só porque proíbe uma matéria jornalística substancial e apurada, mas também porque impede novas publicações”.

“Apenas para citar um exemplo: se o demandante cometesse um crime hoje, esses veículos de comunicação alvo da ação não poderiam noticiar. É aberrante, mas por força dessa liminar, não poderia o jornalismo alagoano noticiar. É uma blindagem tão ampla que dá para dizer que se trata de censura prévia”, acrescentou Marcondes Costa.

O Movimento Unificado das Vítimas da Braskem (MUVB) saiu em defesa da imprensa. No texto, O MUVB manifestou – veementemente – o repúdio à ação de censura que atingiu as reportagens de Heloísa Vilela do ICL Notícias, relacionadas ao crime da Braskem em Maceió, como também a censura à Folha de Alagoas.

O MUVB – Movimento Unificado das Vítimas da Braskem, em defesa fervorosa da liberdade de informação e da imprensa, manifesta veementemente seu repúdio à ação de censura que atingiu as reportagens de Heloísa Vilela do ICL Notícias, relacionadas ao crime da Braskem em Maceió, como também a censura a Folha de Alagoas.

É com indignação que denunciamos que um Juiz plantonista de Alagoas, a pedido de um dos denunciados nas reportagens, determinou a remoção das matérias, acompanhada de uma multa diária de mil reais em caso de não cumprimento.

Estamos ao lado da imprensa independente e comprometida com a verdade, condenando qualquer tentativa de silenciar a liberdade de expressão e a busca pela justiça. A sociedade tem o direito de ser informada, e não permitiremos que a censura prevaleça sobre os princípios fundamentais de uma sociedade democrática.

Reforçamos, assim, nosso compromisso inabalável com a defesa da liberdade de imprensa e informação, e permaneceremos vigilantes na luta contra a censura, em prol de uma sociedade justa e transparente.

MUVB – Movimento Unificado das Vítimas da Braskemm
Maceió/AL, 25 de setembro de 2023

Em Tempo!

Não basta ser jornalista sem ter  direito à liberdade de pensamento, de expressão e opinião pessoal. Censura não é imprensa livre! Cabresto é para quem não tem coragem de falar a verdade ou depende dessa política mesquinha que ainda (ao que se observa) existe.

O Blog Kléverson Levy se mantém em defesa da imprensa, do jornalismo e da liberdade de expressão. Jornalismo é independência e não subserviência política. 

E viva a política dos políticos em Alagoas!

#VidaQueSegue

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