Há quantos anos os sertanejos alagoanos escutam falar em Canal do Sertão? São mais de 30 anos que políticos de Alagoas usam da grande obra do povo do sertão do estado para se beneficiar politicamente.
Entre governos e mais governos que passaram desde a década de 90, o Canal do Sertão é uma obra que não tem dia, mês ou ano para ser concluída e realizar – de fato – o sonho de milhares de famílias que – por décadas – esperam que a maior obra em infraestrutura hídrica de Alagoas e a segunda do Brasil, atrás apenas da Transposição do Velho Chico, leve – de fato – a água do rio São Francisco a todas localidades assoladas pela estiagem prolongada.
O Canal do Sertão corta sete municípios – Delmiro Gouveia, Pariconha, Água Branca, Olho dÁgua do Casado, Inhapi, Senador Rui Palmeira e São José da Tapera – e dizem que beneficia 160 mil sertanejos.
Segundo dados do Governo de Alagoas, quando concluída, a obra contará com 250 km de água, ao alcance de mais de um milhão de pessoas, em 42 cidades, do Sertão ao Agreste de Alagoas. A expectativa é que com o avanço da quarta etapa é provável que o Trecho 5, que levará a água até o km 150, chegue no município de Olho dÁgua das Flores.
Em maio deste ano, a Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE) realizou uma sessão que teve como objetivo promover o diálogo e a construção de projetos para o uso racional e sustentável das águas do canal. Proposta pelo deputado Inácio Loiola (PDT), o encontro serviu para debater a gestão do Canal do Sertão.
Ontem, 06, a deputada estadual Jó Pereira (MDB) reacendeu – no plenário da Casa de Tavares Bastos – e defendeu a importância da continuidade das obras e do uso adequado do Canal do Sertão. A parlamentar reafirmou a necessidade de se respeitar a origem do projeto, a viabilidade do canal e o respeito às outorgas para o direito do uso dos recursos hídricos e autorização de uso da água do canal.
“O canal não pode parar um quilômetro antes do quilômetro 250. Caso contrário, o maior impacto socioeconômico da obra estará comprometido. Essa Casa não pode aceitar isso, temos que cobrar a continuidade, temos que defender a obra, Alagoas e os alagoanos do semiárido… Se não pode parar antes do km 250, também não pode deixar de já dar resultados a cada trecho concluído… São 111 km prontos. Cadê os primeiros perímetros irrigados previstos funcionando? Cadê a organização, o gerenciamento, os projetos, a disponibilidade para os usuários da faixa dos dez km das margens?”, questionou Jó Pereira.
Bilhões investidos
Com mais de 110 km de obras concluídas, o Canal do Sertão já consumiu cerca de R$ 2 bilhões de recursos públicos – estaduais e federais – e necessita de pelo menos mais R$ 2 bilhões para sua conclusão. Segundo o secretário estadual de Infraestrutura, Maurício Quintella, até o final deste ano, o Governo de Alagoas deve entregar a quinta etapa do projeto.
“O que há, às vezes, é descontinuidade no repasse de recursos. Nesse momento estamos trabalhando no trecho quatro, nós já temos 110 km com água no Canal”, informou o secretário. “Queremos chegar ao final do ano com o quilômetro 123 km do trecho quatro concluído, e não temos a certeza se teremos ou não recursos do Governo Federal”, contou Maurício Quintella.
Ao todo, o Canal do Sertão irá percorrer 250 km do território alagoano, para levar água a mais de um milhão de habitantes, em 42 municípios, do Sertão ao Agreste. Quando concluído, sua gestão ficará a cargo das Secretarias de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh) e de Agricultura, Pecuária, Pesca e Aquicultura (Seagri).
Conclusão!
A obra do Canal do Sertão é um sonho que há anos deveria virar realidade para o povo sertanejo. O que acontece, porém, são dezenas de gestores e ex-gestores, além de parlamentares, que se utilizam do peso que tem o nome Canal do Sertão para fazer campanhas eleitoreiras e, no entanto, depois de eleitos, esquecem de correr atrás das promessas ditas a quem mais necessita das águas que por lá passam.
Ficar em plenário ou nas salas de reuniões debatendo, discutindo e, em apartes, sem sair da teoria, não adianta mais.
O que precisa é – na prática – que os políticos alagoanos na ALE, Câmara dos Deputados e Senado Federal sejam mais fiscalizadores e cobrem dos governos com mais rigor os investimentos necessários para realização do sonho de quem há décadas ainda quer usufruir do Canal do Sertão antes de morrer.
Senão, o velho Canal do Sertão continuará com a mesma história de ‘favas contadas’ (inevitável e dado como certo) em Alagoas. Servindo, apenas, de ‘trampolim’ político em período eleitoral e para enganar, sabe-se lá, por mais quanto tempo, o povo sertanejo que tanto espera pelo Canal nas cidades do sertão de Alagoas.
Email: kleversonlevy@gmail.com
Com informações das Assessorias
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