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Caio Hanry Abreu: Reis baixos, sumam!

Valentia, frieza e mãos de ferro são três das principais qualidades de um grande rei. Quando forte, um só ser vivo possui militares armados, políticos poderosos e influentes dentro e fora de seu reinado, leais seguidores e instituições omissas (a seu favor) — e todo o custo da manutenção é pago com parte do suor de cada contribuinte.

Mas há um porém: todos os reis possuem ego, e cada um com a sua particularidade para manter-se inflado. Quando os reis baixos gritaram que eram os mais poderosos do que Deus e donos de todo o poder, houve um aceno imediato, que pode ser traduzido em uma frase centenária: a soberba precede a queda.

Quando uma dupla de estudantes alertaram sobre a queda dos reis com um tombo que levaria ao declínio de milhares de famílias, sequer foram ouvidos pelas autoridades: já estavam com os bolsos cheios, corrompidos pela promessa de lucros incessantes, financiamento de campanhas eleitorais, favorecimentos e toda a falcatrua que represente o mau caratismo egocêntrico dos reis baixos.

Ainda sim, quase 40 anos depois, a conta chegou e bem mais cara do que centenas de milhares em financiamentos de campanha: prédios destruídos, bairros desocupados, escolas, delegacias e hospitais abandonados, comerciantes afetados, enfim, toda uma sociedade jogada para o abismo a troco de uma mineração predatória, irregular, ilegal, imoral e irresponsável.

O terror que arrasou os corações de milhares de famílias não se contentou com a destruição que causou: precisou cobrar os favores e compensações que fez ao longo da sujeira, e tentou ludibriar ainda mais a integridade e a legitimidade dos processos movidos pelos afetados de todas as formas — seja tabelando o irreparável e impagável dano à personalidade ou oferecendo acordos irrisórios para pessoas que jamais terão sua realidade de volta.

A principal avenida da cidade, que hoje sofre com os tremores e conecta seus extremos, ainda não foi interditada e desocupada — mas a geologia não descartou esta possibilidade. No entanto, novos estudos e pesquisas indicam que o crime foi ainda maior: novos bairros estão sendo incluídos nas áreas afetadas. Mas, claro, nenhum com condomínios luxuosos e prédios da melhor e mais atual engenharia.

E enquanto o Estado se omitir e comportar-se como refém, enquanto a orla não estiver rachada, enquanto as praias não estiverem sujas de minério, enquanto os prédios e condomínios luxuosos estiverem seguros, e por último, enquanto quem deveria acusar está defendendo e se omitindo, NÃO HAVERÁ DIGNIDADE para quem mais precisa: o povo, expulso de suas próprias casas.

Maldito seja o papel amaldiçoado entregue nas mãos de quem alimentou um ego insaciável, este esmagando a ingenuidade e a simplicidade de um povo que implora por oportunidades e direitos basilares da decência humana.

Enquanto a sociedade comum clama por asfalto numa estrada de barro, o secretário está em dúvida se gasta seu dinheiro sujo com roupas de marca ou relógios caros. Enquanto os pais das crianças de escola pública pedem arroz e feijão com carne ao invés de macarrão e salsicha para seus filhos, o prefeito desvia a verba da merenda para um mini mercadinho. Enquanto o motorista de aplicativo pede a Deus por um menor valor da gasolina, especuladores de mercado determinam que o petróleo nacional deve ser vendido em moeda estrangeira para o próprio povo, e novamente, gestores superfaturam dezenas de milhões em contratos com postos de combustíveis para veículos que deveriam servir o povo.

Os reis, aqueles que ostentam em carros luxuosos e blindados, em mansões e artigos de luxo, não poderão esconder-se quando a destruição de uma cidade inteira for decretada, pois o anúncio já foi feito — e sem o povo para bancar toda essa ganância através da contribuição fiscal, os reis terão de procurar outro corpo para parasitar.

Por fim, ao passo em que o dinheiro é mais importante do que a própria dignidade humana, o Brasil permanecerá tendo a escravidão, a submissão e a subserviência como principais características da nação.


Por Caio Hanry Abreu – Acadêmico de Direito (Colaborador)

Este texto reflete a opinião do autor. 

Kleverson Levy

Especialista na cobertura política em AL

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