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Caio Hanry Abreu: o falso (e clichê) esquerdismo do PT

A principal propaganda eleitoral de um dos partidos mais antigos do Brasil, o Partido dos Trabalhadores (PT), é a defesa dos mais pobres. É bem verdade que houve uma época em que os representantes do partido se preocupavam com a população mais pobre. No entanto, após a ascensão de Lula ao poder em 2002, com o passar dos anos, se preocuparam somente com a manutenção do PT nos executivos municipais, estaduais e da União.

Após o impeachment de Dilma Rousseff, o PT foi fragmentado e gravemente ferido, não só em razão do impeachment, mas também da Operação Lava Jato. Com um discurso reformista, mas ainda em defesa dos mais pobres, Lula retorna ao poder e coloca o PT novamente no topo do cenário nacional.

Acontece que defender os mais pobres não é mais a prioridade do Governo Federal, tampouco dos petistas. Enumeramos alguns pontos:

  1. A reforma tributária favoreceu a diversos setores da economia, empresários que já são ricos ficarão ainda mais ricos, a União não vai parar de arrecadar e a população pobre continuará pagando altos impostos;
  2. É notório que a reforma previdenciária apenas protelou a bola de neve que o INSS produz, e Fernando Haddad já admite defender a desindexação dos gastos previdenciários com o salário mínimo, o que resultaria em perdas significativas para os aposentados e pensionistas;
  3. Lula não mudou a política dos combustíveis, que continua a mesma desde o seu primeiro mandato. O preço do álcool continua indexado ao da gasolina, ou seja, se a gasolina aumenta, o álcool acompanha ainda que seu preço real seja menor, para que o principal combustível fóssil do país não seja abandonado;
  4. O gás de cozinha segue aumentando sem previsão de queda. No período de maio de 2019 a maio de 2024, o preço do botijão de gás aumentou de R$69,29 para 101,61, uma alta de quase 50% em cinco anos;
  5. A inflação dos alimentos acumulou aumento em quase o dobro da inflação geral, e nenhuma medida está sendo tomada pelo Governo Federal para controlá-la, resultando no aumento de preços da cesta básica, frutas, carnes, legumes e insumos alimentícios;
  6. O Governo Federal preocupa-se somente, atualmente, com o déficit do orçamento público e não pretende perder receita com gastos ou reduzindo impostos, um ponto extremamente negativo para a população mais pobre, principal grupo atingido pela postura estatista.

Diante do exposto, é evidente que o Governo Federal está sim preocupado com o regime fiscal, e é verdade que a alta do PIB, a redução do desemprego e o recorde da bolsa são pontos positivos a serem comemorados. Mas pobre não come PIB, não tem ações na bolsa e não tem emprego se não tem como sobreviver.

A ideologia de esquerda que o PT diz defender se mostra ausente, conclusão evidenciada pela postura de um governo preocupado somente com a manutenção do poder para agradar a elite empresária, associações e sindicatos fortes. Até quando o pobre será iludido — e também pode-se dizer tapeado, enganado — com a promessa de um futuro melhor?

Por Caio Hanry Abreu – Acadêmico de Direito (Colaborador)

Este texto reflete a opinião do autor.  

Kleverson Levy

Especialista na cobertura política em AL

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