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Caio Hanry Abreu escreve: Os filhos do poder!

O oligarquismo está longe de ser uma novidade em Alagoas — na verdade, é a prática predominante, e nem a capital do estado escapa dos oligarcas. Mas, qual é o conceito de oligarquia? A oligarquia é caracterizada por um seleto lobby, que controla determinado setor econômico e/ou político em benefícios próprios.

Em Alagoas, as oligarquias são formadas por famílias que controlam determinados redutos e se aliam em prol do poder, e não é preciso ir muito longe para registrar a presença de filhos de notáveis políticos do estado entrando na política.

Rio Largo, a família Gonçalves possui o domínio do município com Gilberto Gonçalves e sua família, vide seu sobrinho, Carlos Gonçalves (Secretário Municipal de Governo), e estende suas raízes também na ALE, através de sua filha, Gabriela Gonçalves, que foi eleita Deputada Estadual.

Na secretaria de Maceió, há a presença de Carlos Mendonça Neto, filho de Alfredo Gaspar, e Caio Luiz Teixeira, o ‘Caio Bebeto’, que já demonstrou interesse em disputar uma cadeira na Câmara de Maceió. E a cereja do bolo, o filho de Arthur Lira, o ‘Lirinha’, está sendo cotado para suceder seu pai na Câmara Federal, caso este decida disputar o Senado Federal. Leia + AQui: Caso dispute Senado Federal, Lira já tem sucessor na sua vaga à Câmara dos Deputados em 2026

São apenas alguns exemplos contemporâneos, mas vale lembrar que Renan Filho foi o sucessor de Remi Calheiros (seu tio e irmão de Renan Calheiros) na prefeitura de Murici, o exemplo mais notável dentre todos os outros, que chegou a ser eleito Deputado Federal e, em seguida, Governador em dois mandatos. Para coroar uma das trajetórias mais vitoriosas da política alagoana, foi eleito Senador e nomeado Ministro dos Transportes no atual governo.

Afinal, a política é um negócio tão lucrativo? Uma pergunta tola e retórica, mas que merece seu desenvolvimento: no interior de Alagoas, determinadas figuras políticas costumam gastar sete dígitos para controlar um orçamento que possui oito ou até nove dígitos. No legislativo há, também, forte presença dos lobbys empresariais que alimentam ainda mais o bolso de quem aceita o ‘mutú’ para satisfazer suas vontades.

É importante recordar as constantes críticas às oligarquias do Estado, em especial à família Calheiros, do Deputado Estadual Cabo Bebeto, no início de sua carreira política. O Deputado ganhou o eleitorado com viés de direita no Estado em razão de suas fortes críticas ao atual sistema político, no entanto, indicou seu filho para a Secretaria de Juventude e Lazer de Maceió.

No interior, há a disputa entre famílias pelo poder nas prefeituras e nas respectivas câmaras municipais. Não é raro que uma família queira estender sua influência para outro município, como é o caso de Jequiá da Praia, frequentemente disputada pelas famílias Beltrão e Jatobá.

Essas práticas revelam alguma novidade? Talvez não. Atualmente, a política alagoana pode ser representada pela expressão “coronelismo moderno”, sucessora da prática do século passado com alguns ajustes. Os filhos do poder serão futuros coronéis? A ver.

Por Caio Hanry Abreu – Acadêmico de Direito (Colaborador)

Este texto reflete a opinião do autor.  

Kleverson Levy

Especialista na cobertura política em AL

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